Ao galgar um lugar nas ágoras e areópagos da sociedade brasileira, a teologia pública evangélica (salvas as raras e positivas exceções) obliterou seu vasto repertório ético, antropológico, metafísico, estético, epistemológico e bíblico, rebaixando-se a ponto de transformar a teologia pública em mera coluna política, o que relegou o teólogo público a um simples comentarista e ativista político. Em casos extremos, a teologia pública se tornou uma espécie de apologética de trincheira ou ainda um tema a ser desenvolvido por um digital influencer teológico.

Em vez de assumir o lugar de proposição intelectual e de protagonismo diaconal, a igreja evangélica tornou-se uma comunidade pautada pelas agendas políticas externas e batalhas culturais em todas as dimensões possíveis. O sintoma mais evidente dessa realidade é que, na última década, a igreja evangélica tornou-se massa de manobra e teve sua consciência e discurso sequestrados pelas agendas conservadoras e progressistas.

Diante desse cenário, a Conferência Urbana 2025 convida pastores, líderes e cristãos em geral a considerar o exercício da teologia pública para além das fronteiras da política. A igreja evangélica brasileira tem muito mais a dizer, e com muito mais profundidade e elegância. Para fazer jus ao status de “maioria”, faz-se necessário recuperar o vasto repertório do evangelicalismo clássico, a fim de que a contribuição da teologia evangélica na esfera pública alcance o fim para o qual realmente existe: a glória de Deus e o bem das criaturas de Deus no mundo de Deus.